segunda-feira, fevereiro 20

Ensaio sobre a possibilidade do pecado

Neste período carnavalesco, já quase dentro do ciclo denominado pelas liturgias de quaresmal, período este onde as Igrejas praticamente abandonam a Graça e iniciam um "culto ao pecado", sobretudo de ordem moral sexual (como se roubar, iludir e enganar as massas não o fossem), gostaria de fazer uma reflexão acadêmica sobre a possibilidade do pecado. A discussão sobre o pecado é uma velha discussão da teologia modernista do início do século XX. Afinal, podemos ou não pecar. Apresentamos uma reflexão, a resposta é de cada um. Confiram...


INTRODUÇÃO

Tratar de moral é sem dúvida, por si, um desafio, numa realidade marcada por um anomismo axiológico gritante. Tratar de pecado, então, nem se fale! É justamente esta a pretensão deste artigo: se debruçar epistemologicamente sobre o conceito e a possibilidade do pecado e sua direta conseqüência a conversão, dentro do âmbito da moralidade cristã.
Tomando como ponto de partida uma visão dogmática, delimitar-se-á os contornos dos quais são envolvidos o conceito de pecado. Nesta assertiva, tocará, mas sem pretensão de resolução, na questão do mal. Em seguida, enumera os desafios no diálogo com o pensamento moderno em suas principais correntes: marxismo, psicanálise, existencialismo, secularização e ceticismo e relativismo.
Percebendo as limitações da modernidade, trava-se um diálogo com esta mediante o posicionamento da teologia moderna e por último como tentativa final discorre-se a relação com a ontologia antropológica.


Ao tratar de uma temática tão polêmica na atualidade é importante lembrar que aqui não se trata de um tratado do mesmo, muito menos se tem a pretensão de esgotar o assunto. Porém, algumas implicativas podem ser apercebidas sobre o assunto de forma a levantar alguns questionamentos.
O que se pretende neste tópico é, de fato, se perguntar pela própria possibilidade do pecado, levando em consideração tanto a posição oficial da ortodoxia das Igrejas denominadas Católicas, quanto às críticas trazidas pela vida contemporânea; e, principalmente, como hoje se pode pensar nesta limitação. Não se quer aqui negar nenhuma verdade da fé, mas mediante questionamentos racionalizar tal fé, em seu âmbito moral, a ponto dela mesma emanar a luz necessária para sua auto-compreensão.



Não se poderia iniciar este estudo sem primeiro consultar a visão daquela que é por excelência, a depositária da fé, i. é, o Magistério da Igreja – um dos pilares que compõe a tríplice base[1] da teologia. Ao que diz respeito à doutrina contida no Catecismo da Igreja Católica, a constatação é de que é inegável, olhando fenomenologicamente para a realidade, a existência do mal:

[...] ninguém escapa à experiência do sofrimento, dos males existentes na natureza – que aparecem como ligados às limitações próprias das criaturas –, e sobretudo à questão do mal moral (Cat 385)

A mirada para a realidade leva a percepção da existência fenomenológica do mal, seja físico ou moral. Não é papel deste estudo se fixar ou elucidar a problemática do mal, contudo, se faz necessário tocá-lo de modo, não explorá-lo, mas como uma implicativa para o estudo do pecado. Neste sentido, prossegue o Catecismo afirmando que é preciso abordar a questão da origem do mal se atrelando ao “olhar da nossa fé” (Cat 385) como modalidade de abordagem de tal questão. Mais precisamente, só se pode falar de mal e sua origem, se se pisa no horizonte da fé, sem ela as questões passam a ser problemáticas.
Assim, é traçada a pergunta fundamental a respeito do mal: “Se Deus Pai todo-poderoso, Criador do mundo ordenado e bom, cuida de todas as suas criaturas, por que então o mal existe? [...]” (Cat 309). Esta pergunta, trazida pelo Catecismo, não é uma questão nova. Tal intento já foi debruçado por grandes pensadores – teólogos e filósofos – de todas as épocas e continua ainda sem uma resposta satisfatória. Mesmo assim, o Catecismo, do ponto de vista da doutrina da Igreja Universal, traz a sua resposta: “Não há nenhum elemento da mensagem cristã que não seja, por uma parte, uma resposta à questão do mal” (Cat 309). O que se pode apreender sobre tal resposta pode tramitar em dois âmbitos: ou o mal é uma realidade já dada, e não há necessidade de tal especulação, já que a intenção da fé está em se vincular ao seu autor muito mais do que seu opositor; ou o mal é uma condição necessária da própria mensagem cristã, já que toda ela responde a seus anseios.
Mesmo sem uma resposta satisfatória, continua o questionamento: “Mas por que Deus não criou um mundo tão perfeito que nele não possa existir mal algum?” (Cat 310). Tal questão é o reflexo do pensamento tomista[2], que ao postar tal pergunta, já cita seu principal pensador para respondê-lo:

Segundo o seu poder infinito, Deus sempre poderia criar algo melhor [S. T. 1,25,6]. Todavia, na sua sabedoria e bondade infinitas, Deus quis livremente criar um mundo em estado de caminhada para a sua perfeição última. Este devir comporta, no desígnio de Deus, juntamente com o aparecimento de determinados seres, também o desaparecimento de outros, juntamente com o mais perfeito também o menos imperfeito, juntamente com as construções na natureza também as destruições. Juntamente com o bem físico existe, portanto, o mal físico, enquanto a criação não houver atingido a sua perfeição (S. Tomás. Summa contra gentiles 3, 71 apud Cat 310)

Apostando no devir eterno tomista, i. é, no processo dinâmico de perfeição, o Catecismo justifica a existência do mal perante a onipotência divina. Isto quer dizer que não há contradição entre o poder infinito de Deus e a maldade existente no mundo, pois o mal, e neste caso se trata do mal físico, faria parte da pedagogia divina no processo de elevação da criatura à perfeição. Mesmo assim, poderia se questionar: por que Deus, com todo seu poder e ciência, quis insistir em tal pedagogia com as criaturas, sabendo ele que poderia já ter feito o melhor? Ou por que ele, durante este processo, insistiria em tal, sabendo do risco de perder uma de suas criaturas? Será que haveria algum erro no ato criador, pois da necessidade de aperfeiçoamento? Neste processo onde ficaria a liberdade daquelas criaturas que desejassem não evoluir?
Contudo, citando Tomás, o Catecismo se fixa no mal físico. Porém, a questão do pecado não está totalmente vinculada ao mal físico, mas ao moral, como já citado [Cat 385]. Para tanto, se utiliza de Agostinho para versar sobre o mal moral:

Os anjos e os homens, criaturas inteligentes e livres, devem caminhar para seu destino ultimo por opção livre e amor preferencial. Podem, no entanto, desviar-se. E de fato, pecaram. Foi assim que o mal moral entrou no mundo, incomensuravelmente mais grave do que o mal físico. Deus não é de modo algum, nem direta nem indiretamente, a causa do mal moral (AGOSTINHO. De libero arbitero. 1, 1, 1 apud Cat 311)

São nestes termos que a doutrina da Igreja Universal, utilizando o agostinianismo[3], utiliza para justificar o mal moral. É através do modo como se faz uso do livre-arbítrio que se pode postular o mal moral, i. é, o próprio pecado. Mesmo assim, ao pensar em Agostinho, também não se pode esquecer que tal pensador e doutor da Igreja tenha se debruçado na tentativa de explicar a origem do mal:

Quem me criou? Não foi o meu Deus, que é bom, e é também a mesma bondade? [...] Donde me veio, então, o querer eu o mal e não querer o bem? [...] quem colocou em mim e quem semeou em mim este viveiro de amarguras, sendo eu inteira criação do meu Deus? [...] Se foi o demônio quem me criou, donde é que veio ele? [...] E se, por uma decisão de sua vontade perversa, se transformou de anjo bom em demônio, qual é a origem daquela vontade má que se mudou em diabo? [...] confessava que Vós, quem quer que fôsseis, não estava sujeito à corrupção [...] sumo e óptimo Bem. [...] porque tudo o que deseja é bom e Ele próprio é o mesmo Bem [...] estar sujeito à corrupção não é um bem. [...] Ele é bom e por conseguinte, criou boas coisas [...] Onde está portanto o mal? Donde e por onde conseguiu penetrar? Qual a raiz e a sua semente? Porventura não existe nenhuma? Por que recear muito, então, o que não existe? [...] Por conseqüência ou existe o mal que tememos ou esse temor é o mal. (AGOSTINHO. Confissões. Livro 7)

Sua conclusão, portanto é que, o mal metafísico não pode existir, se existisse teria de ser um bem. Por isso, o mal não pode existir em si, mas como “privação do bem” e a maldade seria, portanto,  uma perversão da vontade desviada da substância suprema. Se tais argumentos postulados acima procedem, ou seja, que a privação física não justifica o pecado, já que a onipotência divina não precisaria necessariamente de tal artifício para que as criaturas fossem melhores do que já são; que a privação metafísica não justifica o pecado, já que causaria uma contradição lógica e ontológica na própria concepção de Deus; restaria apenas a privação moral como tentativa de se postular a possibilidade do pecado.
Outra leitura é possível de ser feita. Sung (1995), ao postular a pergunta: Se Deus existe, por que há tanto sofrimento no mundo? Tenta responder, não como fez os antigos, colocando a onipotência divina como critério para a existência do pecado, mas citando a primeira carta de João (I Jo 4,7-8) toma por critério o Amor de Deus:

Se Deus existe, ele é bom (amor) e onipotente. O problema é saber qual destas duas características é a fundamental. Na argumentação acima, a onipotência é apresentada como fundamental. Mas, em São João, como em todo Novo Testamento, Deus é mostrado acima de tudo como Amor e não como onipotência. (SUNG, 1995)

 Mediante tal dilema, Sung (1995) explica que colocar o poder acima do amor desrespeita a liberdade do outro e impõe a própria vontade: “Quanto mais poder tiver alguém, mais solitário será”. Nesta lógica, mesmo que Deus possa fazer tudo o que deseja, mas o seu amor pela criatura lhe impõe um limite em seu poder, já que, “só na liberdade o amor pode florescer”. Sendo assim, Deus não é responsável pelos sofrimentos, mas estes são fruto da liberdade humana
Com efeito, tomando o argumento de Agostinho sobre o mal moral e o de Sung (1995), ambos defendem a idéia da liberdade humana, seja por onipotência divina seja por amor supremo. Contudo, cabe um questionamento: sendo o homem livre, por que este cometeria um mal moral, como sinônimo de pecado, se tal condição livre permite ao ser que a contém, a opção de escolher a moral que lhe convêm? A pergunta forçaria uma definição precisa dos princípios desta moral, de modo que, favorecesse as condições de se extrapolar tal moral em níveis éticos. Entretanto não é o trabalho deste estudo, nem caberia aqui, tal tipo de elucidação, ficando, portanto, postada apenas a pergunta inicial.
Como já dito anteriormente, a questão do mal não é objeto primeiro deste estudo, mas foi preciso tocá-lo, principalmente em sua problematicidade, para poder falar de pecado. Citando ainda o Catecismo, este afirma que: “o pecado está presente na história do homem: seria inútil tentar ignorá-lo ou dar a esta realidade obscura outros nomes.” (Cat 386). Esta afirmação procede a partir das críticas feitas pela modernidade à Igreja frente ao conceito de pecado, o que será visto.[4] Acrescenta ainda o Catecismo:

Para tentarmos compreender o que é pecado, é preciso antes de tudo reconhecer a ligação profunda do homem com Deus, pois fora desta relação o mal do pecado não é desmascarado na sua verdadeira identidade de recusa e oposição face a Deus [...] Sem o conhecimento que ela [a Revelação divina] nos dá de Deus não se pode reconhecer com clareza o pecado, sendo-se tentado a explicá-lo unicamente como uma falta de crescimento, como uma fraqueza psicológica, um erro, a conseqüência necessária de uma estrutura social inadequada, etc. somente à luz do desígnio de Deus sobre o homem compreende-se que o pecado é um abuso da liberdade que Deus dá às pessoas criadas para que possam amá-lo e amar-se mutuamente (Cat 386-87)

Com tal afirmativa, a doutrina oficial da Igreja justifica a possibilidade do pecado fazendo o mesmo que fez Agostinho ao postar a liberdade, ou seja, atrela a estrutura antropológica à Deus. O homem só é visto como tal a partir de sua relação com seu criador, o que o condiciona em todas as suas possibilidades: plenitude, moral, liberdade, autonomia entre tantas, ao seu fim último. Assim, o pecado seria uma afronta à própria estrutura ontológica subjacente neste homem.
Neste mesmo sentido caminha o conceito de pecado dado por Rahner e Vorgrimler (1966, p. 534): “Em sentido pleno (pecado mortal), Es la decisíon libre, existencialmente radical, contra el orden de La naturaleza y la gracia y contra la voluntad de Dios manifestada en la revelación oral”. Tais autores têm como base a livre e radical decisão do homem contra a sua própria natureza e contra a vontade de Deus. Com efeito, o pecado se torna possível, mesmo contra a essência humana: “en cuanto hecho real, queda testificado por la experiência de la propia libertad y por la palabra de la revelacíon” (RAHNER e VORGRIMLER, 1966, p. 534).
A problemática deste tipo de conceber o pecado está na pergunta pela estrutura ontológica que subjaz a estrutura antropológica intrínseca ao modo fenomenológico de se dar o ser humano. Em se tratando de um ser cristão, na qual a fé é pressuposto para os conteúdos aqui mencionados, não há tanto problema; mas em se tratando do homem em si, de modo a apreendê-lo em sua generalidade, então os entraves estão postos. A pretensão cristã, ao que se posta, não é de restringir os conteúdos da revelação apenas ao seu reduto, mas é condição de possibilidade para a salvação do próprio homem. Mas como pensar que tal singularidade ontológica possa ser posta a todos os homens sem distinção? Atinge-se neste ponto as controvérsias com a modernidade.


Para tratar dos desafios provocados pela modernidade no campo da moral cristã, principalmente no que se refere ao mal moral, tratado aqui também como sinônimo de pecado, recorre-se às reflexões de Azpitarte (1983). Afirma este que já existe por parte dos modernos um forte “sentimento de rejeição e agressividade” (AZPITARTE, 1983, p. 211) quando se fala da moral, como se nela já incluísse, implicitamente algo negativo ou privativo. Contudo este sentimento ainda não é o mais preocupante, já que, o cume deste comportamento está no se postar indiferente à questão: “(...) perda absoluta de interesse, negando-lhe qualquer importância para a vida real” (AZPITARTE, 1983, p. 211). Contudo, este sentimento não se manifesta por razões de ordem laxista ou maldade intrínseca do ser humano enquanto tal, mas como crítica profunda à moral, que de acordo com tal autor, deve ser aceita com certa humildade por ter ela uma base real e objetiva.
O grande alvo das críticas à moral cristã está no fato desta se configurar como uma espécie de “pecadômetro”, na qual implicam uma série de códigos de normas e preceitos que apontam a licitude ou não de um ato (AZPITARTE, 1983, p. 214). Neste sentido, as críticas feitas, com diferentes criteriologias, subjazem em fundamentos que desconstroem tanto o terreno da moral cristã, quanto a antropologia utilizada para esta moralidade - e conseqüentemente a noção de pecado -, colocando em questão, todavia, a própria possibilidade da ética.
A primeira denúncia citada por Azpitarte (1983) provém do marxismo[5]:

Para o marxismo, o fundamento último de qualquer ideologia se encontra no mundo das relações econômicas. A religião e a moral, como a filosofia e a arte, não passam de formas e expressões da consciência social, que correspondem a uma determinada situação econômica. O mundo do proletariado, submerso na exploração e na miséria, precisa criar uma religião que lhe sirva de alívio e narcótico para suportar esse sofrimento (AZPITARTE, 1983, p. 216).

Nesta síntese do pensamento marxista, tal autor, posta muito bem a crítica feita por este movimento, i. é, a religião e a moral não passam de uma mera produção social capaz de amortecer as consciências fatigadas pela opressão provocadas pelas injustas relações econômicas. E continua:

Do mesmo modo, encoberta sob o idealismo e os bons sentimentos de alguns princípios morais, há uma sociedade deteriorada pela injustiça e o egoísmo. Com a ingênua ilusão de obedecer a certos valores éticos se mantém e defende uma realidade desonesta. Ao invés de ser um grito de protesto, a moral se faz mentira e alienação, pois, no fundo, a única coisa que procura, criando uma consciência inocente como verniz, é manter a ordem estabelecida, em proveito da classe dominante. As exigências do dever não estão cheias de conteúdo ético, mas sim de esquemas racionalizados pelo mundo burguês, em função de seus interesses exploradores (AZPITARTE, 1983, p. 216-17).

Com tal argumento: fundamentação ideológica da moral como mantenedora da ordem social estabelecida pela elite dominante, o marxismo convence que a moral não passa de um instrumento nas mãos “dos grandes” para controlar “os pequenos”. Com efeito, pergunta-se: como poderia haver pecado, em sentido de desagravo moral, numa sociedade já estruturada na injustiça? Pecado não seria a concordância com tal moral? Se o pecado deve pressupor um ato livre e consciente que vai contra a natureza humana e conseqüentemente contra a vontade de Deus, como ser livre numa sociedade já condicionada por relações economicamente ilícitas à própria natureza humana, na sua condição de competição e concorrência? Mesmo aqueles que estão à frente de tal lógica, será que eles pecam por apenas dar continuidade à engrenagem do sistema? Há liberdade suficiente para que haja mobilidade interior a ponto de ocasionar uma reversão da lógica econômica? Estas são alguns dos questionamentos que podem ser pensados a partir da crítica marxista da moral cristã.
A segunda categoria de crítica feita à moralidade cristã advém da psicanálise[6]:

Através da psicanálise, tenta-se uma redução da moral religiosa não às estruturas econômicas, como em Marx, mas sim às forças e mecanismos de nosso mundo inconsciente. Sua denúncia também se volta contra uma falsa ilusão cujas raízes se escondem na complexidade de nossa psicologia. Afogado nos problemas e dificuldades da vida, o homem necessita encontrar uma solução adequada para todas as frustrações e limites da realidade. Na infância, esses problemas eram resolvidos pela presença todo-poderosa das pessoas adultas, especialmente os pais (AZPITARTE, 1983, p. 218)

Aqui, o autor sintetiza aquilo que é lateralmente o oposto ao marxismo. Enquanto que aquele sobrecarregava todos os limites nas estruturas externas da realidade, este, por sua vez, supervaloriza a interioridade da realidade. E segue:

As limitações não aceitas servem para culpar as pessoas que nos cercam e para encontrar um além que nos ofereça tudo o que nos falta aqui nesta terra, e nenhuma outra forma de cultura compensa a privação e a renúncia com a ilusão de um Deus bom e providente que certamente nos recompensará. Assim, nos encontramos diante de um simples mecanismo de defesa para nos protegermos das ameaças que nos vem do destino – sobretudo da morte – e das privações impostas pela civilização (AZPITARTE, 1983, p. 218)

Com tal argumento, traça a critica à moral cristã mediante a projeção psicológica da não aceitação da limitação a um ser que tudo provê, ou seja, Deus. Este tipo de moralidade é prejudicial ao ser humano, já que não dá condições ao ser humano de aceitar sua limitação natural, mas busca a perfeição que não tem em algo fora de si, com intuito de culpá-lo ou gratificá-lo (Deus ou o Diabo). Sendo assim, o que seria o pecado? O sentimento de culpa provindo de um não cumprimento moral pode ser considerado pecado, quando na verdade é a própria não aceitação das frustrações e limitações pessoais? Pode haver liberdade para pecar em um sistema montado a partir da causalidade estrutural do inconsciente? Estes, também são alguns, das várias questões provindas da psicanálise.
A terceira categoria de crítica tem como base o existencialismo[7]:

Em nome da dignidade da pessoa, rejeita-se toda idéia de Deus e de moral como um atentado contra a autonomia humana. O maior fracasso consiste na renúncia à nossa liberdade, quando procuramos encontrar nas normas uma segurança infantil que impede a verdadeira decisão. Como o esquiador na neve, a consciência deveria ir se desligando de todo apoio ético para não ficar paralisada. Somente ela, sem medo da liberdade, pode trilhar o seu próprio caminho (AZPITARTE, 1983, p. 219).

 Com esta síntese, a grande crítica à moral é posta mediante a autonomia da subjetividade humana em forma de liberdade. Somente a liberdade pode garantir ao homem algum respaldo seguro de seus atos, já que é a sua consciência a protagonista de sua história. Nestes termos segue o autor:

Esse receio da universalidade de alguns princípios que dominam o homem em sua originalidade mais radical fez surgir a ética de situação. Ela constitui um protesto contra a excessiva submissão do homem à norma, esquecendo-se das peculiaridades e circunstancias de cada indivíduo. O caráter absoluto da obrigação reduzia o papel da consciência  a uma simples computadora de dados, sem deixar qualquer margem para a criatividade. E isso implicava na negação de um direito inviolável: a capacidade de julgar e escolher segundo o ditame pessoal próprio de cada um (AZPITARTE, 1983, p. 220)

Com tal afirmação o autor levanta a bandeira principal da crítica à moralidade cristã pelo existencialismo. A pretensão cristã tem por natureza o caráter universal, na qual todos devem tê-la como modelo e exemplo. É justamente neste ponto que o tocante existencialista afronta a moral cristã. Com o advento da subjetividade é possível perguntar: existe algo realmente objetivo? Como é possível pensar, de um lado, normas de condutas, que possam ser extrapoladas a toda uma humanidade? Como pensar, então, o pecado, se cada indivíduo é construtor de sua história e tem como exercício de sua autonomia o seu direito de escolha? O que fundamentaria o pecado, a simples categoria subjetiva da culpa? O pecado, como categoria de mal moral, não deve se posterior ao homem e não o seu inverso? Estas são algumas contribuições feitas pelos existencialistas.
A quarta categoria de reflexão tem como fundamento a secularidade:

A hipótese de Deus não é essencial para a explicação das realidades humanas. O mundo já alcançou sua maioridade e reclama sua independência de toda vinculação religiosa e metafísica. O bom e mau continuam tendo sentido, mesmo não existindo Deus. Trata-se de uma tentativa de arrancar o universo da esfera do sobrenatural para encontrar nele o seu próprio sentido e significação (AZPITARTE, 1983, p. 222).

A crítica advinda da secularização tem sua pertinência no sentido que retira do âmbito religioso certas categorias que devem por si ter sua independência, como as ciências, a filosofia, a política a sociedade entre outras. Assim também, a moral reclama para si uma independência frente à religião, se auto-afirmando suficiente para que os princípios, critérios e valores que norteiam a vida, os comportamentos e as decisões do homem possam se validar em fundamentos sólidos. Com efeito, se o pecado está ligado a uma concepção antropológica, que tem como pressuposto a fé e sua ligação com Deus, como pensar em tal conceito em uma moral que não se vincula às questões religiosas? Se as categorias de bem e mal são independentes da existência ou não de Deus, onde se localizaria o pecado? Mesmo como mal moral, seria necessário tal conceito de pecado, numa moralidade desvinculada da divindade? Estas são algumas das questões que podem ser refletidas a partir da secularização.
A quinta categoria provém do ceticismo e do relativismo:

A moral, como ciência, também é repelida por todos aqueles movimentos que, de uma ou de outra forma, só admitem como critério orientador a urgência e necessidade de uma convivência. Renuncia-se à busca de valores universais. Concretamente, cada grupo ou comunidade deveria determinar quais são as regras fundamentais a obedecer para que a coexistência entre os diversos membros se torne possível. Não há outra forma além do acordo mútuo. Os estudos etnográficos e as análises de outras culturas, diferentes da nossa, fomentaram esse sentido relativista, pois não existe uma ordem ética que tenha vigorado em todos os povos e épocas. Então, qual a força e permanência que tem os chamados “valores morais”? Eles são produtos exclusivos de uma cultura determinada ou até que ponto a cultura pode influir em sua formação? (AZPITARE, 1983, p. 223).

Nesta crítica, a tônica está no aspecto comunitário e construtivo do grupo que elabora seus costumes. Aqui, também, está a discussão da anterioridade entre a cultura e amoral. Estão incluídos também neste grupo os lingüistas defensores dos jogos de linguagem, na qual, todo pensamento é anteriormente precedido por uma comunidade lingüística que o determina. Com tais pressupostos, questiona-se: não seria o pecado uma construção de uma comunidade que se utiliza do poder performativo da linguagem? No âmbito cultural, cada cultura não formularia seu conceito de pecado? Como pensar em uma noção universal de pecado, como mal moral? Estas são algumas contribuições de tal movimento.
Mediante os desafios da modernidade apresentados, na ótica de Azpitarte (1983), levando em consideração, também, as ponderações de cada categoria, não absolutizando-as, mas concebendo-as como um conjunto fenomenológico do pensamento moderno; resta o questionamento: pode hoje, ainda, se falar em pecado? Como tentativa ainda de colocar as possibilidades da existência do pecado, passa-se para o estudo teológico do pecado, não mais de forma dogmática, como foi visto acima com o Magistério; entretanto de maneira dialógica com a modernidade.


 Para abordar este diálogo teológico frente aos desafios da modernidade, será utilizada as reflexões de Agostini (2002). Em consonância com o Catecismo da Igreja Universal, Agostini (2002) inicia sua reflexão mediante a fenomenalidade do mal, principalmente após os avanços da tecnologia moderna:

Com as técnicas modernas e respectivos conhecimentos científicos, o ser humano tornou-se capaz de intervir na natureza; transforma-a, submete-a, manipula-a, busca conhecer os seus segredos. [...] No entanto, esta intervenção mostrou-se ambivalente. Por um lado, o ser humano foi capaz de dotar a humanidade de benefícios extraordinários. Por outro lado, na medida em que sua intervenção mostrou-se voraz e desequilibrada, saltou nossos olhos a sua capacidade de depredar e destruir além dos limites ecologicamente suportáveis. [...] O mal, sob formas variadas faz-se presente. [...] Constatamos um desequilíbrio do que é vital para nós. [...] Este cenário coloca a modernidade, tão ciosa de sua emancipação, em crise. Na realidade, nos deparamos com um ser humano abandonado num caminho sem suporte adequado, passível de muitas quedas e capitulações, presa fácil de forças hegemônicas e muito bem aparelhadas que desejam sugá-lo sem escrúpulos, amarrá-lo em função de interesses traiçoeiros, ajustando-o e acomodando-o como peça do sistema, rebaixando-o assim ao estado de “objeto” (AGOSTINI, 2002, p. 119-120).

Neste sentido, o autor rebate a modernidade que prometeu a felicidade ao homem, mediante suas parafernálias tecnológicas garantindo, assim, uma autonomia frente qualquer projeto religioso, com a própria realidade “pós-moderna”, i. é, a própria presença do mal trazida pela desequilibrada antropologia autônoma de valores, subjugando o próprio homem num sistema fechado e auto-destrutivo. Isto em si é para o homem uma contradição, já que, o mal passa a ser um escândalo, pois desumaniza aquilo que deveria elevar a própria condição humana.
Fazendo referência bíblica, Agostini (2002) tenta explicitar as várias facetas do mal. A primeira orientação é de que todas as ações, tanto boas quanto ruins, deveriam vir de Deus; a segunda direção é que o mal é um castigo divino fruto da desobediência a Deus; a terceira seria que o mal provém de Satanás, como tentação para o homem; a quarta diz respeito à própria inerência do mal no homem com as literaturas sapienciais; e a quinta e a que de fato perpetuou a tradição cristã é o mal como pecado original.
Por pecado original Agostini (2004, p. 109) explica: “Um mistério nos envolve desde o inicio da criação, chamado de concupiscência por São Paulo. É algo que existe antes mesmo do ato voluntário (moral) e que, para Santo Agostinho, chama-se de pecado original”. Por isso a necessidade da graça, como já postulada por Agostinho para que o ser humano alcance a salvação. Com efeito, o pecado:

[...] remete para uma ação humana praticada no uso da liberdade; ela nos faz lembrar um ser responsável. Podemos dizer que alguém pecou quando praticou o mal por própria vontade, enquanto sujeito livre e responsável. Trata-se, então, do mal moral. E a pessoa de fé, por sua vez, sabe que o pecado é uma recusa do Amor de Deus, um afastamento da graça trazida por Jesus Cristo. Este pecado pode ser tanto pessoal quanto social. Na verdade, todo pecado tem algo de pessoal e de social ao mesmo tempo. O pecado pode estar ligado aos meus atos, às minhas atitudes e às opções fundamentais de minha vida; é sempre um “não” a Deus, também quando esse “não” quebra ou machuca a fraternidade com o próximo, na família, na comunidade ou na sociedade (AGOSTINI, 2004, p. 110).

Mais uma vez, a teologia refletida pelo autor retoma alguns conceitos básicos da tradição magisterial, e não poderia ser diferente, já que está profundamente ligado à dogmática soteriológica do homem. O que se nota de acréscimo e por conta da própria dialogicidade com a modernidade, é o aspecto da responsabilidade. O pecado remete ao conceito de responsabilidade. Não basta a liberdade, mas uma liberdade responsável. Esta novidade trazida por Agostini (2004) subjaz em uma fenomenologia profunda, na qual um fenômeno só tem sentido se interligado à outros fenômenos, ou seja, só se pode falar de liberdade quando é vista junta da responsabilidade, pois esta implica necessariamente a condição de liberdade do outro.
Contudo, ainda assim, a antropologia utilizada continua atrelada à fé e as questões religiosas. Isto não responde aos anseios da problematicidade em questão. Neste sentido, faz-se necessário um estudo da ontologia antropológica, no intuito de tentar abarcar o ser humano e tentar traçar relações deste com o pecado.


No tocante a questão do pecado, faz-se como necessidade antever a condição limite de sua possibilidade. As análises acima, dizem respeito tanto das condições fenomenológicas quanto as condições impostas pela fé. Com efeito, cabe agora perguntar por aquilo que dá condições de existência ao pecado, i. é, aquilo que é anterior ao pecado: o próprio homem.
Para falar do homem, muitas são as ciências que se atrevem. Contudo, estas se restringem ao âmbito cultural ou comportamental antropológico, não se atendo ou não tendo condições de postar a pergunta que leve o homem ao homem. É por isto que, quer se abordar a ontologia antropológica, não em sua totalidade, mas no modo de ser do próprio homem, como forma de atingir aquilo que se chama de totalidade.
Mediante Marconetti (2004, p.1) “o homem é aquele que pode perguntar” e está caracterizado pela autoconsciência e pela autocompreensão. Mesmo tendo como categorias intrínsecas, tematizá-las, é tarefa que possui em si riscos de interpretações errôneas, redutivas e deformantes quando se quer achar a essência do homem. Neste sentido é que o autor defende a importância de uma antropologia filosófica como forma de abarcar os fenômenos possíveis encontrados no homem constituídos em si por um sentido de totalidade capaz de dar a ele uma globalidade exigida.
A tentativa de se chegar a essência humana por um viés fenomenológico único é em si mesmo a particularização daquilo que a própria complexidade humana se constitui:

[...] quanto mais por parte de um único fenômeno pretende-se abraçar a totalidade do homem, tanto mais se apresenta o perigo de uma visão arbitrária e unilateral que falsificava o fenômeno na sua inteireza. Para fugir a este perigo é necessário que seja levada em consideração e seja valorizada uma multiplicidade de fenômenos da auto-experiência humana. Por si, não há nenhum fenômeno absolutamente privilegiado: ser homem significa uma pluralidade essencial de dimensões, nas quais experimentamos o mundo e nós mesmos. Apesar disso o homem é uma realidade concreta: a pluralidade funda-se na unidade de estrutura que ele (o homem) está em condições de acolher. Mas também a multiplicidade dos fenômenos manifesta o sentido do homem só a partir do todo, isto é, à luz da autocompreensão do homem já pressuposta (MARCONETTI, 2004, p. 6).

Sendo assim, Marconetti (2004) percebe que na busca pela essência humana a metodologia recomendada é o Círculo Hermenêutico Antropológico, no qual o homem interpreta a si mesmo. De outro modo pode dizer: não há como com o homem sair de si mesmo de modo a olhá-lo objetivamente. Resta então, aceitar o círculo hermenêutico entre o homem histórico, concreto, que experiencia a si mesmo e ao mundo e aquilo que de fato o subjaz como estrutura ontológica transcendental.
Para tanto, há requisitos exigidos, do ponto de vista metodológico, imprescindíveis na determinação do mesmo, são: “um elemento fenomenológico e um elemento transcendental” (MARCONETTI, 2004, p. 7). Do primeiro, não se trata meramente de uma descrição de dados, mas da pergunta pela condição de possibilidade do próprio fenômeno. E do segundo a compreensão da transcendentalidade a partir da própria pergunta do primeiro. Tem-se assim:

[...] o homem experimenta e compreende a si mesmo, isto é, a sua abertura ao mundo e ao ser: [sic] POIS O HOMEM REALIZA A SI MESMO NO HORIZONTE DO SER, SE EXPERIMENTA COMO SUJEITO à exigência do incondicionado na sua procura da verdade e do bem, no encontro com o outro homem e na relação religiosa com o obsoluto e pessoal fundamento divino do ser (ser humano) (MARCONETTI, 2004, p. 8).

Esta postura frente ao homem reflete uma compreensão metafísica da antropologia, não desvinculada deste, mas a partir de sua compreensão no ser e a partir do ser:

[...] o homem não diz só relação ao ser, mas é ser, ser finito. O que ‘eu sou’ ? É a pergunta fundamental transcendental, porque na pergunta está compreendida a resposta ‘EU SOU’ é a primeira pessoa singular do indicativo presente do verbo ser: eu sou, declara que o homem é ser, ser humano, ser pessoa (ontologia personalista) (MARCONETTI, 2004, p. 8).

É assim que o autor identifica o homem, como um ser, ser humano, ser pessoa, ser existente, ser histórico, ser finito, ser aqui e agora. Um ser aberto ao ser, um ser finito que transcende ao infinito e se relaciona com o Absoluto.
Mas, afinal, o que toda esta reflexão tem haver com o pecado? Muita coisa. Ao identificar o homem e a humanidade com o ser, automaticamente se percebe que este em sua condição existencial é finito e limitado e se abre ao Absoluto, que é o próprio Deus. Esta condição existencial fundante do ser humano engendra necessariamente um devir em processual e dialético no processo de abertura ao Absoluto. Isto significa que todo homem tem sem si a tendência da finitude, ou seja, da imperfeição. Toda imperfeição, do ponto de vista da moral acarreta o mal moral, o que obriga a concluir no pecado. Mas ora, afinal, se temos por essência a condição fundante do erro, pela limitação ontológica, como pensar em pecado, se é fruto da vontade livre e responsável? Se já somos condicionados ontologicamente a termos uma existência finita e limitada, como pensar em sentimento de culpa, por aquilo que não se tem culpa, já que não há como não pecar? Será que há liberdade suficiente para decidir pelo não-erro?


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Com estas indagações, há de se traçar algumas considerações a respeito do pecado. Primeiramente, este continua sendo ainda um problema, do ponto de vista racional, ainda discutível. Em segundo lugar, os pressupostos para o pecado, i. é, uma antropologia vinculada à divindade e uma vontade livre e responsável, como sinal de recusa da vontade de Deus, são pontuações restritas apenas ao campo da fé, já que existem outros modelos tanto de antropologias quanto de concepções de liberdade. Em terceiro, a questão do mal, na qual é tocante ao pecado é um problema delicado que também não se tem uma solução satisfatória. Sabe-se que o mal metafísico não é uma realidade e que o mal físico é fenomenológico; contudo o mal moral, acaba sendo a identificação de pecado. Em quarto, no que se trata da moral, a moral cristã, que é uma dentre tantas, se arroga com pretensões éticas, ocasionando em si uma problemática não resolvida. Sobra algo então? A possibilidade, ainda, é se recorrer aos conteúdos da fé, que garante no pecado a lógica exata de fundamentação e mecanismo de graça e salvação. Pode-se ousar dizer que, é necessário existir o pecado para que exista Deus, pois, se não existisse, as pessoas buscariam a Deus?

Referências 
Ø  ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou: 1970.
Ø  AGOSTINHO. As Confissões. 2 ed. São Paulo: Abril Cultural, 1980 (Os Pensadores)
Ø  AGOSTINI, Nilo. Ética Cristã e Desafios Atuais. Petrópolis: Vozes, 2002.
Ø  AGOSTINI, Nilo. Moral Cristã. Temas para o dia-a-dia. Nesta hora da graça de Deus. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 2004.
Ø  AZPITARTE, Eduardo Lopez et. alii. Práxis Cristã. Moral Fundamental. 2 ed. São Paulo: Paulinas, 1983. V.1.
Ø  CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Co-edição Vozes/Paulinas/Loyola/Ave-Maria, 1993.
Ø  MARCONETTI, Luiz. Quem Eu sou? Antropologia Filosófica. Texto de Sala de aula, 2004.
Ø  RAHNER, Karl y VORGRIMLER, Herbert. Diccionario Teologico. Barcelona: Herder, 1966.
Ø  SUNG, Jung Mo. Se Deus existe, por que há pobreza?: A fé cristã e os excluídos. São Paulo: Paulinas, 1995 (Atualidade em Diálogo).


[1] O que se quer dizer com tríplice base da teologia é: Sagradas Escrituras (Revelação), Tradição e Magistério.
[2] O pensamento tomista é aquele que foi estabelecido por Tomás de Aquino e defendido tanto nas correntes medievais quanto modernas. Seus pontos principais são: a) Doutrina da relação entre razão e fé; b) Doutrina da analogicidade do ser; c) Doutrina do caráter abstrativo do conhecimento; d) Doutrina que a individuação depende da matéria assinalada; e) Dogmas da Trindade e Incarnação. (ABBAGNANO, 1970, p. 926)
[3] Corrente gnosiológica, cujo seu principal representante é Agostinho.
[4] Vide o tópico “Controvérsias Modernas”.
[5] Marxismo: ideologia política que encontra o seu programa no Manifesto dos Comunistas publicado por Marx e Engels em 1847. Tal ideologia pode resumir-se nos pontos fundamentais seguintes: 1° a dependência da personalidade humana em relação à sociedade historicamente determinada a que ela pertence; 2° a dependência da estrutura de uma sociedade historicamente determinada das relações de produção e de trabalho; 3° o caráter permanente e necessário da luta de classes; 4° a necessária e inevitável passagem da sociedade capitalista para a socialista e desta para a comunista (ABBAGNANO, 1970, p. 150).
[6] Sistema metafísico de fundamentação dos processos psíquicos, reunidos por Sigmund Freud (ABBAGNANO, 1970, p. 774).
[7] Corrente de pensamento moderna que antevê a existência frente à essência.

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