Para o
pensador italiano Antonio Gramsci, hegemonia cultural não é sinônimo de
poder dominador, pois uma classe social não pode se sobrepor
ideologicamente sobre outra esfera da sociedade sem recorrer às famosas alianças
e articulações e sem o consentimento, mesmo que seja um tanto inconsciente, da
massa por ela liderada.
Antonio Gramsci
Assim, se a burguesia, por exemplo, quer se impor às classes populares,
não o poderá fazer, a não ser em uma etapa inicial de um novo regime político,
ou excepcionalmente em Estados terroristas ou sob intensa ditadura. Na
tentativa de estabelecer um papel de liderança sobre as camadas oprimidas, a
classe que se candidata à hegemonia cultural necessita abrir mão de algumas de
suas conveniências, para obter o poder desejado.
É desta forma, segundo Gramsci, que se constrói a hegemonia ético-política. O italiano encontra, na história
universal, vários exemplos deste padrão por ele analisado, como o do
comportamento dos moderados franceses no século XIX; eles não se valem da
violência para governar, mas sim de ferramentas culturais e ideológicas,
típicas dos intelectuais, e assim constróem o consentimento geral.
Ao contrário de Marx, este filósofo político não
crê no Estado como meio de coerção nas mãos das classes sociais dominantes, mas
sim enquanto poder edificado justamente no acordo comum. Assim ele tece a
concepção de Estado ampliado, o qual nasce do estabelecimento da hegemonia.
Este Estado é o resultado de uma expressão que
dispõe no tabuleiro político a soma da sociedade política e da sociedade civil,
dado que deve ser levado em conta por qualquer grupo que aspire ao poder. Para
Gramsci, civilização deve se harmonizar com uma estratégia na qual a sociedade
civil consuma a instituição dominante e caminhe na direção de uma autogestão e
de uma consciência autônoma. Este é o antídoto para que regimes como o
stalinista, que idolatram radicalmente o Estado, sejam destruídos.
Gramsci aproveita elementos do pensamento de
Benedetto Croce, que acredita na visão da história de um ângulo ético-político.
Ele vai, porém, além deste ponto de vista limitado e encontra em Lênin o amparo teórico para
explicar o mecanismo histórico total, baseado justamente na crença de que o
maior trunfo das camadas dominadas, na criação de um novo regime, é o
definitivo combate de cunho cultural e ideológico.
A hegemonia leninista, adotada por Gramsci, deve
ser compreendida como um poder maior de análise e de respostas aos desafios
impostos pela História. Este conceito leva o pensador italiano a transcender
qualquer fórmula automatizada de explicação da trajetória histórica e de
entendimento simplista do papel das lideranças políticas.
Conforme a concepção gramsciana, se os dirigentes
deixam de lado a importância da hegemonia, eles estão fadados ao fracasso.
Qualquer outra utilização desta expressão cunhada particularmente por Gramsci,
principalmente quando é manipulada para designar qualquer espécie de ditadura
partidária, só contribui para denegrir e rejeitar a teoria deste pensador.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hegemonia_cultural
http://www.acessa.com/gramsci/?page=visualizar&id=644
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