Um apelo no culto de quarta-feira. Você já tomou sua decisão?
Pode parecer um contrassenso encerrar com apelo um culto que se realiza dentro de uma Faculdade de Teologia, em meio a estudantes e professores atuantes em suas respectivas igrejas. Mas foi o que fez o pregador Joerg Rieger, professor da Perkins School of Theology, na manhã dessa quarta-feira, dia 16 de outubro. O apelo do pregador visitante, no entanto, não foi pela aceitação da fé cristã, mas pelo tipo de cristianismo que se professa: um cristianismo ligado ao poder hierárquico, de cima para baixo, ou a um poder que nasce do povo? “É preciso fazer uma escolha”, disse ele. “E não há meio-termo”.
O professor Rieger disse que a expressão “Jesus Cristo é Senhor” é uma afirmação de fé antiga e desafiadora, que nasceu nos primórdios do cristianismo, em pleno Império Romano, quando só o imperador recebia o título de “Senhor”. Mas, ao chamarem Jesus de Senhor, os primeiros cristãos não utilizaram o termo da mesma maneira que o imperador romano. O sentido que eles deram ao termo é simplesmente o oposto – o que se pode confirmar por vários textos bíblicos, lembrou o professor. A começar do episódio da tentação de Jesus, na qual Jesus rejeita os reinos oferecidos por Satanás. Maria, ao receber a visita do anjo Gabriel, glorificou o Senhor, que “derruba do trono os poderosos e exalta os humildes”. E o apóstolo Paulo diz na primeira carta aos Coríntios (1.-27-28): Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são”.
O professor Rieger reconhece que falar sobre poder na Igreja não é tarefa fácil. O tema tem dividido a Igreja ao longo dos séculos. E, invariavelmente, quem se coloca contra o poder opressor, ao estilo do poder imperial romano, sofre as conseqüências. O pastor que incomoda é enviado às igrejas da periferia, o professor que inspira mudanças é demitido, exemplificou Rieger. “A boa notícia, porém, é que há outras experiências de fé, que nascem das bases, que se sustentam na solidariedade aos pobres e anunciam uma outra forma de vida”, anunciou. “Em muitos casos, a religião que resistiu à lógica do Império venceu”, disse Rieger. E a história também registra a libertação dos escravos, a emancipação da mulher, a luta dos trabalhadores e tantos outros movimentos que se opõem à opressão.
As experiências de fé libertadoras, que nascem das bases, apóiam-se na esperança revelada no texto de Romanos 8.35-39:
Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?
Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?
Como está escrito:Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia;Somos reputados como ovelhas para o matadouro.
Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.
Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir,
Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.
No entanto, é preciso fazer uma escolha, disse o professor Rieger. “Maria, Jesus e Paulo fizeram suas escolhas. Eu fiz minha escolha. E você?”
Suzel Tunes
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